O líder do esquema afirma que as apostas são essenciais para o sustento de sua família, enquanto argumenta que o trabalho convencional não oferece recompensas suficientes.

O jornal “Estadão” obteve acesso a mensagens trocadas por Bruno Lopez e sua esposa, Camila Motta, ambos acusados ​​de participação no esquema de apostas esportivas. Em uma das conversas, ao explicar as perdas financeiras para sua esposa, Bruno afirmou: “realmente, foi comprado e ele não fez”

Bruno Lopez, apontado como líder de um esquema de apostas esportivas com manipulação de jogos de futebol, continuou operando ilegalmente mesmo após ter sido denunciado e preso provisoriamente em fevereiro. 

Em uma conversa com sua esposa, Camila Silva da Motta, ele afirmou que as apostas eram a fonte de sustento da família e justificou uma perda financeira mencionando que uma pessoa identificada como “Max” havia sido subornada, mas não fez o que era esperado. 

O jornal Estadão teve acesso à transcrição completa dessa conversa, datada de março. No entanto, a conversa não especifica a identidade do homem mencionado.

“Eu tava com R$ 6 mil no saldo da minha ‘bet’, que eu tinha feito no dia passado. R$ 100 para R$ 3,1 mil. Depois ganhei mais um pouco. Perdi no Max porque realmente o bagulho foi comprado e ele não fez. Reclama demais, só sabe apontar dedo, ‘aí perdeu, aí perdeu’. Quando ganho é lindo”’, disse para a esposa.

Foto: Federação internacional de esportes universitários

Camila, também acusada de envolvimentos no esquema investigado pelo Ministério Público de Goiás (MPGO), está junto com Bruno. O casal tem um filho de cinco anos. A prisão de Bruno causou tensão na família e resultou em novas despesas. 

Diante da situação em que o orçamento familiar estava sendo comprometido, Camila começou a sugerir que Bruno interrompesse suas atividades de jogo. Em suas palavras, ela expressou: “Perdeu muito. Para um pouco. Espera entrar (dinheiro) para fazer aposta. Só tem dinheiro saindo e não tá entrando”.

Bruno não concordou com a sugestão e argumentou que as apostas eram a fonte de sustento da família.

“Não adianta ficar apostando de ‘picado’ porque eu não ganho dinheiro, aí sim eu vou perder. Eu já não te provei a forma de ganhar dinheiro? Então não adianta ficar mandando picadinho, entendeu? Agora é a nossa forma de sustento. Fazer R$ 1 mil, R$ 2 mil num dia… saco e já era. Vou sacando. É igual eu tava fazendo antes”, disse.

Foto: Reprodução

Camila afirmou sua determinação em obter uma fonte de renda própria e mencionou que procuraria um emprego. No entanto, Bruno respondeu de forma irônica, desencorajando-a em relação à proposta.

“Então vai lá! Vai lá se matar, ficar o dia todo, das 8h às 17h sem seu filho, para ganhar R$ 1,5 mil ou R$ 2 mil, sendo que eu faço isso em um dia. Eu já te provei que faço isso em um dia”, afirmou Camila ao aconselhá-lo a parar com o esquema.

Apesar das circunstâncias, o casal continuou junto, e nas mensagens trocadas, Camila reconheceu que seu companheiro proporcionava uma vida confortável e com regalias, mesmo ela não trabalhando fora. Ela expressou seu amor por ele ao escrever:

“Confortável e com regalias mesmo não trabalhando fora. Amo você”.

A investigação conduzida pelo Ministério Público de Goiás (MP-GO) incluiu Camila Motta como membro do núcleo administrativo da quadrilha. Como sócia de Bruno na empresa BC Sports, era sua responsabilidade realizar pagamentos a jogadores envolvidos no esquema e operar contas falsas em sites de casas de apostas. 

A quebra de sigilo bancário revelou que ela movimentou cerca de R$ 2 milhões em menos de um ano. Camila continua residindo na casa do casal, localizada no bairro Jardim Guairaca, zona leste de São Paulo.

Em 18 de abril, Bruno foi preso novamente durante a segunda fase da Operação Penalidade Máxima. Dessa vez, ele foi detido preventivamente, sem um prazo definido para deixar a prisão.

Foto: Reprodução

O pedido de prisão foi concedido pela Justiça de Goiás em resposta a uma solicitação do Ministério Público. Os investigadores apresentaram evidências de que, mesmo após sua primeira prisão, Bruno continuou envolvido em manipulações e apostas ilegais.

O advogado de Bruno e Camila, Ralph Fraga, foi procurado para comentar o caso, mas ele optou por não se manifestar.

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